Após votação em assembleia geral, estudantes decidem que ocupação na UFMT Araguaia continua


Mobilização


Agência Focaia
Reportagem
Barbara Argôlo
Vasco Aguiar


                                       Fotos: Adailson Pereira/Bárbara Argôlo
Após o debate de propostas sobre decisões da paralisação, 
os estudantes iniciaram a votação.

 
Na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia, foi realizado ontem (27), assembleia geral extraordinária convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde a pauta principal foi a continuidade da ocupação no campus, que teve início na sexta-feira (20). A mobilização começou a partir de notificação da reitoria sobre a implantação de nova política nos preços do restaurante universitário. O valor das refeições passaria de R$1 para R$5, e o café da manhã aumentaria para R$2,50, o que hoje custa R$0,25.

Estiveram presentes no Cinema I da UFMT, unidade de Barra do Garças, aproximadamente 190 alunos, além do Pró-reitor do Campus, Paulo Jorge da Silva, da Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Lennie Bertoque, professores e técnicos da universidade. A assembleia teve início às 19h30, com a exposição do DCE sobre a atual situação na ocupação e informando a conjuntura com os demais Campi. 

Votação 

Na reunião, diante do impasse sobre a política de preços da alimentação da UFMT, os estudantes debateram algumas propostas e duas foram selecionadas pela assembleia, as quais seguiram para a votação final. A primeira sugeria a desocupação da pró-reitoria neste sábado, a realização de um cronograma de lutas e mobilização com os demais Campi, com paralisações conjuntas, durante o mês de maio. 

Já a segunda proposta seria a de manter a ocupação até o dia 7 de maio, data em que ocorre a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), o qual decidirá sobre a aprovação ou não da interrupção do calendário acadêmico. Consta nesta proposta que, caso seja aprovada pelo conselho a interrupção, será organizado um calendário de mobilização durante a greve. Não sendo aprovada, será solicitada uma nova assembleia geral para definir os rumos da mobilização.

A segunda proposta foi a vitoriosa, com 124 votos contra 13. Com ocupação do Campus Araguaia que permanece até o dia 7 de maio, tendo início no dia 20 deste mês.

A posição dos professores

O acadêmico do curso de Biomedicina, Felippe Castrignano informou que professores de seu curso estão avisando que haverá prejuízo em relação à provas e atividades interrompidas pela paralisação. O estudante relata que, segundo os discentes, isso acarretaria perda aos alunos, como contagem de faltas e consideração de conteúdos ministrados mesmo sem qualquer acadêmico em sala.

O pró-reitor do Campus Araguaia, Paulo Jorge da Silva, ressaltou que a pró-reitoria considera o movimento e a paralisação legítimos e democráticos e que “os próprios alunos terão que conversar com os professores e enfatizar a importância do movimento”, avalia. Ele acrescenta que, “em uma sala de aula não impera simplesmente o que o professor manda. As decisões devem ser democráticas, discutidas e não impostas por uma ou outra pessoa”, destaca.

A diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Lennie Bertoque, salientou a necessidade de união, “não deixem que esses contratempos intimidem a luta de vocês, pois, sabemos que ela é legitima”. E acrescenta que existem mecanismos internos que podem ser utilizados, “vocês podem recorrer aos colegiados de cursos, congregações e ao Consepe. Vocês não estão sozinhos”, ressaltou a diretora.

No dia 7 de maio, ocorre a reunião do Consepe, em Cuiabá, com o objetivo de analisar a aprovação ou não da legalização do movimento e interrupção do calendário acadêmico. O 1ª Secretário do DCE Araguaia, Luiz Guilherme Carvalho explica que essa decisão do Consepe é importante. 

“Isso porque, se não fizermos esses trâmites legais ficamos suscetíveis ao que estamos passando aqui, em relação ao conflito entre professor e aluno, por conta de faltas e atividades enviadas para serem feitas durante a mobilização”, afirma. Ele esclarece que, com a interrupção do calendário acadêmico, professores não poderão dar faltas para os alunos e tampouco passar atividades.

Mobilização continua

Alunos que estiveram na assembleia decidiram 
pela manutenção da ocupação.


Com a definição pelo prosseguimento da mobilização, as atividades acadêmicas no campus seguem interrompidas até o dia 7 de maio. Porém, na decisão da assembleia, durante este período de ocupação, docentes e estudantes que possuem pesquisas em andamento e precisam utilizar os laboratórios e o Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) estão autorizados a dar prosseguimento às atividades no campus. 

Segundo Luiz Guilherme Carvalho, “as pesquisas são um ganho para a universidade e para os alunos que as desenvolvem, e não podem ser prejudicadas pelo movimento”, informa.

Durante a semana devem ocorrer diversas atividades dentro da ocupação. Amanhã, domingo (29), será apresentado o documentário “Cor-Age”, com a direção de Gracielle Soares, às 15h, na Sala 208, unidade de Barra do Garças. Em seguida haverá a Oficina: Turbantes Africanos, ministrada por Júlia Oliveira, aluna do curso de jornalismo. As demais atividades da semana serão divulgadas pelos meios de comunicação do DCE.