1° Encontro de Mulheres do Araguaia em Barra do Garças (MT) discute a emancipação da mulher e lutas pelo fim da violência doméstica


Dia Internacional da Mulher


Agência Focaia
Redação
Trycia Silva
  
     Foto: Ester Moraes
Mesa redonda realizada em Anfiteatro de Barra de Garças (MT), com a presença de várias lideranças femininas que discutem a realidade vivida pela mulher brasileira e regional




No dia internacional da mulher, nesta quinta-feira (8), ocorreu em Barra do Garças (MT) o 1º Encontro de Mulheres do Araguaia, no Anfiteatro da Prefeitura do município. Com capacidade para 350 lugares, no local havia um público formado por cerca de 60 pessoas. Em discussão os direitos e emancipação das mulheres.

Na abertura do evento foram realizadas apresentações culturais e, logo após o início dos trabalhos com formação de mesa redonda, que contou com participações da assistente de parto (doula), Lorena Francisco Pereira Fernandes, que avaliou o tema: a Violência Obstetrícia e o Parto Humanizado. Segundo ela, “A violência obstétrica acontece não somente nos hospitais públicos, mas também nos particulares”. Isso ocorre quando, no atendimento médica há xingamentos, recusa de atendimento ou mesmo pressão psicológica contra a parturiente.

Na mesa, uma das lideranças xavante da região de Barra do Garças, a Indígena Pasqualina expôs as Lutas e conquistas das mulheres indígenas. “Queremos espaço para a mulher indígena", expôs.

A representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Mulher, Vanisse Campos discorreu sobre a Mulher e o Direito, citando Myrthes Gomes de Campos, como a primeira advogada brasileira. Nascida em Macaé/RJ em 1875, Myrthes foi pioneira na luta pelos direitos das mulheres. "Isso no século XX, onde a mulher que formava não exercia a profissão. 55 anos depois de Myrthes veio a primeira Magistrada", sinalizando as dificuldades das mulheres numa sociedade que se mantém machista, com desigualdade no exercício da atividade profissional em relação aos homens. 

Por sua vez, Carla Regina da Costa, integrante do candomblé, em substituição à Mãe de Santo Adélia que não pode comparecer ao evento, avaliou a condição da Mulher no universo religioso afrodescendente. Como destaca, “a mulher é muito respeitada dentro do candomblé”, afirmando que não existe templos de candomblé sem a figura feminina, desempenhando papel central nas atividades. 

Pesquisa

Por fim, a estudante de letras na UFMT, Ana Júlia dos Santos Rocha apresentou pesquisa acadêmica sobre Violência doméstica no Vale do Araguaia, que desenvolveu com sua professora enquanto cursava Direito na faculdade Cathedral fez uma pesquisa, sobre violência doméstica na região do Araguaia.

“Com a pesquisa cheguei à conclusão que muitas mulheres não têm coragem de denunciar. Por exemplo, em 2013 os casos denunciados são 293, para uma cidade de quase 90 mil habitantes. É pouco! A gente sabe que tem mais por aí. As mulheres de baixa renda, que se declaram pardas ou pretas e que, não têm um nível de escolaridade tão alto, são as que mais sofrem violência”, afirma Ana Júlia.

Ela acrescenta que, “a partir do momento que conheci o perfil dessas mulheres, as histórias, sai daquele feminismo de academia que falamos sobre as teorias e fui para rua identificar como o feminismo chega a essas mulheres, como as beneficiam. Acho que essa foi o maior ganho dessa pesquisa. Observar outras mulheres, não apenas as universitárias”, avalia. 

A pesquisa mostrou que em todos bairros dos municípios pesquisados existiam denúncias. Contudo, em Barra do Garças(MT) ganha destaque em números de casos, o bairro Santo Antônio. Enquanto em Aragarças (GO), os setores com altos índices são Bela Vista e Ceará. Conforma afirma a pesquisadora, os companheiros e ex-companheiros das vítimas são os mais violentos e não existe idade para o agressor cometer o crime, afirma.