Aumento no preço das refeições nos restaurantes universitários dos campi da UFMT gera mobilização dos estudantes

Mobilizações estudantis

Agência Focaia 
Redação
Vasco Aguiar


     Fotos: Vasco Aguiar

Restaurante Universitário é o foco dos debates nos campi da UFMT, diante da proposta da reitoria de mudanças de preços cobrados dos estudantes.

O Centro de Vivência do Campus Araguaia teve, nesta quarta-feira (28), um dia de mobilização contra a alteração dos preços cobrados no Restaurante Universitário (RU), como vem sendo anunciado pela reitoria da instituição. De acordo com a divulgação do evento realizada pelos estudantes, a intenção é conscientizar a comunidade acadêmica sobre a situação da universidade, integrar os alunos e gerar a união frente às ações que resguardam os direitos adquiridos.  

A presidente do DCE do campus Araguaia, Laura Araújo, em assembleia com alunos no dia 22ressaltou que, em reunião com o Pró-reitor do Campus Araguaia, Paulo Jorge da Silva, foi informada que haveria uma nova reunião hoje (28), na UFMT, em Cuiabá, entre prós-reitores dos campi e coordenadores de institutos, onde entre as pautas a serem discutidas está a tomada de decisão sobre os restaurantes universitários.

Durante a assembleia, a presidente propôs que fossem feitas mobilizações para chamar a atenção da reitoria. “Estamos ainda no campo das suposições, precisamos ter mais informações sobre como essa mudança nos valores vão acontecer. Por isso temos que nos mobilizar preventivamente, para não sermos pegos de surpresa”, afirma.

Em nota publicada na internet, o Diretório Central dos Estudantes de Cuiabá  confirma que manteve reunião com a pró-reitora de Assistência Estudantil, Erivã Garcia Velasco, na sede do DCE. Como afirma os estudantes, a pró-reitora anunciou que a implantação do novo modelo de política de acesso à alimentação do Restaurante Universitário não será no mês de março,  como anunciado anteriormente. Conforme ainda o DCE, audiências públicas serão realizadas em todos os campi da UFMT, sendo que no Campus de Cuiabá será no dia 26 de março. 

Início 

A reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso, no dia 9 deste mês informou, em reunião com os DCE’s dos campi, que haveria nova política referente aos subsídios relativos aos preços cobrados nos restaurantes universitários (RU). O que se confirmou oficialmente no dia 20 de fevereiro, com a publicação de nota oficial no site da instituição (link no final da reportagem).

A proposta em discussão na universidade pela reitoria é dividir alunos em grupos. Deste modo, o Grupo A, formado por estudantes com renda familiar mensal per capita de até 1,5 salário mínimo, terá isenção total, o Grupo B obterá 50% de isenção e o Grupo C ficaria sem isenção, pagando o valor estabelecido pela refeição que é de R$10, o mesmo valor será cobrado para aqueles que não são estudantes matriculados. 

Discussão

Na última sexta-feira (23), foi divulgado vídeo no Youtube, pelo Canal “O livre”, no qual a Reitora da Universidade, Myrian Serra, que se encontrava em reunião da reitoria em Cuiabá, teve a sala ocupada por estudantes em protesto. O objetivo dos acadêmicos foi pedir mais diálogo sobre as mudanças de valor no RU. Após a intempestiva entrada dos alunos, a reitora pôde expor o ponto de vista da universidade sobre o assunto.

Serra observou que a proposta de mudança nos valores do RU deve ser analisada. “Nós nos manifestamos, e agora vamos fazer audiências públicas e discutir, e vermos qual a melhor proposta”. Ela acrescenta que “nós temos uma proposta, mas estamos aguardando a discussão para ver qual será implementada”, afirma.

Corte dos Recursos

Entrada do RU, Campus Araguaia, onde ainda é cobrado R$ 1 pela refeição.

Presidente da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Reginaldo Araújo alerta para que a questão seja vista em outros ângulos, além do RU. “Não podemos perder de vista que a UFMT, e as demais universidades federais do país, vem sofrendo com o sucateamento. O banco mundial nos últimos três anos, vem apontado que os custos que as universidades têm com seus estudantes são muito altos”, informa. 

Araújo lembra que em 2015, durante a  "greve, dizíamos que as universidades estavam cortando recursos, e isso teria consequências”. Ele conta que nos últimos anos ocorreram cortes de 30 a 40% de repasse para as universidades federais. “O aluno hoje, comparado com o de 2014, está com 25% a menos de investimento do governo, os cortes estão acontecendo”, conta. 

Para o presidente, as mobilizações que os estudantes vêm organizando, servirá para alertar a comunidade acadêmica sobre os cortes que estão sendo feitos na educação superior federal. "Não estamos em um momento de se fazer de desentendidos. Os cortes que preveem redução de números de bolsas estudantis e diminuição de gastos com o RU já estão acontecendo", conclui.

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Veja nota oficial publicada dia 20 de fevereiro no site da UFMT, em que a instituição esclarece que adotará nova política de alimentação no contexto de assistência estudantil da Instituição.