Jornalismo da UFMT Araguaia realiza I Mostra do Curso com apresentação de produções acadêmicas de 2017 e debate sobre a realidade política brasileira

Evento acadêmico

Barbara Argôlo 
Vasco Aguiar
Reportagem
Agência Focaia


     Fotos: Adailson Pereira/João Pedro Donadel
Trabalhos produzidos por estudantes do curso de jornalismo da UFMT Araguaia expostos 
na I Mostra do curso.

Apresentação de produções acadêmicas premiadas em eventos de comunicação, exposição de Trabalhos de Conclusão de curso (TCC) e debate sobre a atual conjuntura política brasileira resume o que ocorreu na I Mostra do Curso de Jornalismo, na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia entre os dias 12, 13 e 14 de dezembro. 

O evento realizado em parceria com o Centro Acadêmico do curso, na abertura (da mostra) contou com a participação do Pró-reitor do campus, Paulo Jorge da Silva. Para ele, “o evento é importante para a atualização do acadêmico. É necessário que não se prenda apenas em livros e teoria e passe a entender a prática”, afirma.

Na ocasião a diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Lennie Bertoque, ressaltou que, os eventos que reconhecem os prêmios do curso e valoriza os TCC’s, servem como estímulo para os demais alunos. “É também o reconhecimento de todo um trabalho e valoriza a instituição”, acrescenta.

Reconhecimento

No primeiro dia, os acadêmicos que tiveram algum trabalho premiado ao longo de 2017 receberam certificado de reconhecimento, bem como tiveram a oportunidade para nova apresentação, deste vez para o público presente na I Mostra de Jornalismo. Estudantes e professores que também mereceram destaque em anos anteriores receberam certificado de reconhecimento, mas não expuseram os trabalhos ( Veja a lista dos trabalhos no final deste texto).

Para Rodrigo Pereira, que recebeu três certificados afirma que o reconhecimento na I Mostra de Jornalismo pelos prêmios recebidos e trabalhos realizados “é importante pois traz visibilidade ao curso de Jornalismo do Campus Araguaia, além de instigar o aluno a realizar produções cada vez melhores”. Ele lembra que estas produções podem ser apresentadas não apenas como trabalhos das disciplinas e nos TCC's, mas também para concorrer a prêmios e agregar ao currículo do profissional, salienta.

No segundo dia da Mostra foram apresentados TCC's de alguns orientandos dos professores do curso de Jornalismo da UFMT/CUA. Um deles foi o da egressa Bianca Oliveira de Carvalho (foto ao lado), que produziu uma revista com proposta de publicação com temática direcionada ao segmento LGBTQ. O trabalho teve a orientação do professor Gesner Duarte. 

Para Carvalho, a identificação com o público LGBT foi essencial para o sucesso do produto apresentado. Segundo ela, “uma das dificuldades para a conclusão do projeto foi a parte financeira, já que todos os serviços de diagramação, impressão tiveram que ser pagos por mim, e não foram baratos”, explica.

Política brasileira em debate

No último dia do evento ocorreu a mesa redonda “República em Crise: O que a esperar da atual conjuntura política brasileira?”. Estiveram na composição da mesa os professores da UFMT Araguaia, Jorge Arlan de Oliveira, Antonio Sebastião da Silva, docentes do curso de Jornalismo, Magno Silvestri, da área de Geografia e mediação do também Professor de Jornalismo Deyvisson Costa. 

Referente ao debate proposto, o professor Jorge Arlan analisou que vivemos um estado de exceção. Segundo ele, isto abala fortemente as perspectivas democráticas. “Tivemos um golpe de estado em 2016 contra a presidente Dilma, e com a participação de uma das instituições mais importantes de garantia da democracia, que é o congresso nacional”. Ele acrescentou que a grande mídia participou diretamente do golpe, bem como alguns setores do judiciário.   

Da esquerda para a direita, Magno Silvestri, Deyvisson Costa, Jorge Arlan e Antonio Silva.

O professor ainda criticou o governo atual. “Eles se se orgulham em afirmar que sua popularidade de 3% os deixam livres para implantar o que ninguém tem coragem de fazer, não entendo que raciocínio é esse, contradiz a ideia do princípio democrático”. Para Arlan, é necessário, dentro de um governo democrático, haver consulta à sociedade sobre mudanças estruturais que afetam a todos. “Não é possível decidirem sobre gastos dos próximos vinte anos com saúde, educação, gastos sociais, segurança e etc., sem consultar à sociedade”, avalia.

Para o professor Antônio Silva, Michel Temer assume a presidência na condição de um personagem que, segundo ele, representa uma narrativa. “Dificilmente o PMDB elegeria um presidente da república, é um partido fisiologista. Ele viu na crise a oportunidade de se tornar presidente.” De acordo com Silva, Temer está no poder porque responde a um modelo que tem muita força, “tanto no campo político, econômico e também no congresso nacional", observa.

Sobre a importância de pensar e fazer política, Magno Silvestri afirma que, quando a sociedade civil se organiza de alguma forma, está fazendo política, mesmo que não perceba. “Se mobilizar por causas no seu bairro, no trabalho, sindicato, é uma maneira de fazer política e também necessário para viver em sociedade”. Segundo o professor, há uma tendência de atrelar política ao ato de votar. “E aqueles que por alguma razão não votam, são taxados de alienados”, acrescenta. Silvestri salienta que existe política além do voto, “temos a opção de escolher fazê-la de outras formas, ela é feita todos os dias, no nosso cotidiano, considero até mais importante que o voto”, finaliza.


Trabalhos premiados

Papo Ecológico: O Jornal Mural com consciência ambiental (Kayc Pereira, Eliane Bezerra, Paola Tifani e Rodrigo Teodoro- Orientação: Jociene Carla Bianchinni) - Vencedor Expocom 2016.

Documentário: “As facetas da morte” (Hudson Ramos, Kayc Pereira, Rodrigo Pereira e Paola Tiffani de Oliveira – Orientação: Gilson Costa) – Vencedor Expocom 2015. (foto ao lado)

Documentário: “Radicais por natureza” (Ana Caroline Okazaki, Kariny Ellen, Gustavo Bandeira e Adilson China – Orientação: Gilson Costta) Vencedor Expocom 2014 e I FICA Itinerante Araguaia 2017.

Jornal Invisíveis: derretendo o iceberg, a violência contra a mulher Xavante que aos poucos se vê, (Fernando Ribeiro, Clea Torres e João Paulo Fernandes- Orientação: Edson Luiz Spenthof) Vencedor do 9º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão pelo Instituto Vladimir Herzog,

Documentário: “Sobre Viver”, (Izabela Gomes, Jessé Santos e Tálita Sabrina – Orientação: Gesner Duarte). 2º colocado na categoria de Melhor Curta Metragem do I FICA - Itinerante Araguaia.

Documentário: “Raízes de fé”, (Clea Torres, Vanessa Lima, Matheus Pacheco, Rafael Vasconcelos, Rodrigo Teodoro, João Paulo Fernandes e Adailson Rosa – Orientação: Gilson Costa). Vencedor Expocom 2017.

Documentário: “Xavante - Memória, cultura e resistência”, ano de produção - 2016 (Direção: Gilson Costa, participação dos alunos Kariny Ellen, João Paulo Fernandes e da professora Carina Benedeti). Vencedor Cineamazonia 2017, nas categorias: melhor montagem, melhor documentário e melhor trilha sonora. Na Mostra SESC de Cinema 2017, recebeu o prêmio de melhor pesquisa, realizada pela jornalista Carina Benedeti.